Como seria manter a intuição em nossas ações cotidianas?
Ao longo da vida, percebo o quanto meu lado racional me impediu de tomar decisões que, em retrospecto, seriam mais acertadas. Foram inúmeras as vezes em que a racionalidade, à qual sempre dei tanto valor, se tornou um bloqueio.
Assim como um dos personagens do filme InnSaei, tive que abandonar um emprego cobiçado por muitos, mas que me trouxe crises de ansiedade e pânico. Por um bom tempo, transformei meus domingos em uma infindável tortura, tanto para mim quanto para quem estava ao meu redor, pois fazia de tudo para esquecer que, na segunda-feira, voltaria para um ambiente de trabalho que me fazia mal.
Até que chegou o dia em que paralisei.
Não conseguia me mexer. Suava frio, mãos trêmulas, coração acelerado e apenas uma certeza: eu não sairia daquela cama para aquele lugar. Aquele era o momento-chave que eu adiava há anos e que sentia no estômago: a ruptura era necessária. Já não conseguia responder à simples pergunta “Você está bem?”, que muitas vezes respondemos no automático sem perceber como realmente estamos. Quantas vezes nos damos conta de nossos verdadeiros sentimentos?
Eu nunca tinha entendido o que era saber tanto sobre algo a ponto de fazer automaticamente, sem notar o tempo passar. Até que, nesse trabalho, que me trouxe crises de pânico e ansiedade, passei a viver exatamente assim: no piloto automático, sem nem lembrar de certas tarefas rotineiras. Como uma máquina.
Em InnSaei, aprendi sobre o flow e o papel essencial da intuição.
Marina Abramovic, conhecida por sua Mostra no MoMA, me ensinou sobre o desafio de "soltar": aquele ponto em que já fizemos tudo para alcançar um objetivo e agora só falta deixá-lo nos encontrar. Ouvir sua voz interior e deixá-la guiar o rumo que já foi determinado. Descobri também que o artista precisa estar completamente conectado à própria intuição para criar e evoluir; assim, passei a usar o flow em meu favor, tanto para a carreira quanto para a vida.
Mas como mergulhar no flow se somos bombardeados por estímulos externos o tempo todo? Para ela, ir ao desconhecido é a regra número 1. Não há como evoluir e ter melhores resultados se evitamos fazer o que inicialmente achamos que não vamos gostar; o medo de falhar, que sempre me travou, tornou-se apenas um degrau. No filme, aprendi que a intuição nos revela detalhes sutis que a mente consciente costuma ignorar, uma das maiores sabedorias que temos. Ignorá-la significa perder essa ferramenta que guia nosso futuro a partir do presente.
Mas, e o medo que vem junto?
Para superar o medo, precisamos mudar nosso comportamento, e falhar faz parte do processo – sem a possibilidade de falha, não há crescimento real. Foi aceitando a possibilidade de falhar que consegui confiar um pouco mais em mim e na minha intuição, sem o peso da proteção que sempre coloco à frente para evitar o fracasso.
Onde aprendemos a usar e treinar nossa intuição?
No filme, a frase “A intuição é a percepção das coisas sutis que estão fora do foco de atenção” ficou latejando na minha mente, assim como o exemplo dos navegadores polinésios, que, sem saber para onde iam, exploraram um oceano inteiro em pequenas canoas. Mesmo sem a segurança de saber se havia terra firme, eu fui. Não tinha outra escolha, mas sabia que ia chegar em algum lugar. Precisava tentar e, pela primeira vez, ouvir aquela voz interior que sempre calei, ainda que estivesse em dúvida se era autossabotagem ou o caminho certo. Era o desconstruir para reconstruir.
Para finalizar, digo que já explorei o aterramento com The Earthing Movie, a meditação com Movimento Mindfulness, aprendi a valorizar o silêncio com Em Busca do Silêncio e, em InnSaei, cheguei a um novo aprendizado: ouvir a voz interior e equilibrar mente e coração.
Talvez esse seja o complemento que eu precisava
* InnSaei você encontra na Aquarius Tv.
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Aprender a ouvir de fato a situação mesmo(a)... A maior das lições
Como burnoutado em recuperação, penso que tanto a intuição como a análise são importantes para não nos repetirmos em nossos traumas. Desconexão com o ideal de eu também ajuda. A leitura do seu texto é fundamental. Abraço.